Senhores e Senhoras do juri...
Título original: Lolita.
Número de páginas: 392.
Autor: Vladimir Nabokov.
Ano de lançamento: 2011.
Editora: Alfaguara.
Sinopse: Lolita é um dos mais importantes romances do século XX. Polêmico, irônico, tocante, narra o amor obsessivo de Humbert Humbert, um cínico intelectual de meia-idade, por Dolores Haze, Lolita, 12 anos, uma ninfeta que inflama suas loucuras e seus desejos mais agudos.
A obra-prima de Nabokov, agora em nova tradução, não é apenas uma assombrosa história de paixão e ruína. É também uma viagem de redescoberta pela América; é a exploração da linguagem e de seus matizes; é uma mostra da arte narrativa em seu auge. Através da voz de Humbert Humbert, o leitor nunca sabe ao certo quem é a caça, quem é o caçador.
Sabe quando você termina um livro
e tem muito a dizer sobre ele, mas simplesmente é como se as palavras ficassem
entaladas por tentarem sair todas de uma vez? Bem, estou experimentando
exatamente isso com esse livro, então darei o melhor de mim e espero que você consiga
me entender/ acompanhar.
A primeira coisa que me vem a
cabeça é a escrita. Escrita essa que é de brilhar os olhos de tão bonita e
sofisticada. É sério! Abra esse livro em qualquer parte e leia. Por mais
grotesco e errado que seja o que quer que esteja sendo narrado, tudo soará tão
“bonito” que pode impressionar e até ludibriar muitos leitores.
Acho que a escrita é a primeira
coisa que me vem a cabeça justamente por esse elemento ser um forte artificio
da história de modo geral, ao meu ver.
Aqui nós somos apresentados ao
Humbert Humbert, que está escrevendo ao júri para tentar esclarecer e
justificar o crime ao qual está indo a julgamento, então ele precisa ser
eloquente, sofisticado e, primordialmente, persuasivo. Sem falar da vaidade que
o personagem exala a cada pagina, sendo esse outro bom ponto para justificar a
escrita primorosa.
Uma coisa que não consegui
entender, ao completar a leitura, é como as pessoas conseguem romantizar essa
história tão grotesca. Será mesmo que alguém consegue enxergar o lado romântico
de tudo isso? Porque para mim ele não existe.
Muitas pessoas podem até tentar
me dizer que tudo que Humbert fez foi movido pelo amor que ele nutria por
Dolores, mas será mesmo que todo mundo ficou tão hipnotizado a ponto de não ver
o lado DELA?! Nós estamos aqui falando sobre romantizarem a vida de uma garota
de doze anos que foi estuprada constantemente pelo padrasto.
“Há! Mas no livro não é bem
assim”. Realmente. No livro o narrador se vale de palavras muito mais bonitas
para dizer exatamente isso ao leitor.
“Há! Mas tinha consentimento!”.
Só olhos muito desatentos e cegos conseguiram ver consentimento onde só havia
desespero. Ela era uma criança órfã, que antes de tudo foi abusada
psicologicamente, levada a acreditar que se ela não se comportasse e mantivesse
sigilo sobre aquilo que estava sendo forçada a fazer, ela seria deixada em um
internato onde seria muito mal tratada e perderia todos os “privilégios” que
possuía com ele. (Ruim comigo, pior sem mim). Ela não tinha escolha, logo não
houve consentimento. Sem falar que quem defende isso simplesmente não leu todas
as partes em que ele conta sobre as crises de choro ou outros comportamentos
adversos da menina.
Mas sinceramente eu acredito que
essa é uma daquelas obras que precisam serem cada vez mais lidas e discutidas
para que haja algum tipo de conscientização a respeito. Para que mais pessoas
vejam que não existe um lado romântico em Lolita. Que não é uma história
bonita, que não é uma história de amor. Nós nos deparamos aqui com uma pessoa
doente que acabou com a vida de uma criança. Só isso.
E para aqueles que defendem que
Humbert amava Dolores, eu apenas pergunto como vocês conseguiram ignorar
completamente as partes em que ele deixa claro que gosta dela justamente por
ela ser uma “ninfeta” (criança), e que se preocupava com quando ela crescesse,
mas que talvez isso não fosse tão ruim se ela gerasse outras “ninfetas” que ele
pudesse abusar?
Enfim...
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