Um livro sensível e necessário.

Título original: Para onde vão os suicidas?
Número de páginas: 192.
Autor: Felipe Saraiça.
Ano de lançamento: 2017.
Editora: Pendragon.
Sinopse: Era dezembro quando Angelina nasceu. Uma noite gélida, de ventos fortes e relâmpagos que iluminavam todo o quarto do hospital. Quase que em silêncio, ela foi retirada do ventre de sua mãe que, também em silêncio, não mais respirava. A enfermeira, tão jovem e sonhadora, não sabia como lidar com vida e morte lado a lado. Seu pai, de modo mecânico e robótico, a balançava, não conseguindo contemplá-la. Seus olhos não mudaram de direção nem mesmo quando a menina iniciou seu pranto. Lá fora, a chuva caía forte, embaçando os vidros das janelas, e pintando todo o céu de cinza. Ele não chorava, apenas embalava lentamente sua filha, num ritmo quase que fúnebre, enquanto perguntava a si mesmo se seria egoísmo preferir que a criança tivesse perdido a vida e não sua noiva.


“Para onde vão os suicidas?” foi um livro que me fez refletir e até me arrancou algumas lágrimas.

Bem, nessa belezinha nós acompanhamos a trajetória de Angelina, que sente que o peso da vida é demais para seus ombros e ao tomar uma decisão acaba se deparando com as consequências da mesma.


“As paredes do meu quarto me aprisionam. É difícil lidar com o silencio quando tudo em minha cabeça parece gritar.”

(Capítulo: Morfina.)

Tudo que eu disser sobre essa história será spoiler, então como a boa pessoa que sou, tentarei passar ao máximo sobre a minha experiencia de leitura sem citar elemos da trama, tudo bem? (Só que uma ou outra coisa pode escapar, mas me certificarei que não seja nada prejudicial. Pode vir comigo de boas.)
Como sempre a primeira coisa a ser avaliada é a escrita e tenho que dizer que nesse quesito nosso autor está de parabéns. Mesmo tendo em mãos um assunto tão delicado e forte, ele consegue nos conduzir suavemente e com maestria, sem deixar faltar ou sobrar. Entregando assim um livro sensível e que não caí, mesmo com o tema “pesado”, na famosa categoria: “drama mexicano que o autor queria a todo custo nos fazer chorar.” (Inclusive, ao meu ver, se esse livro arrancar algumas lágrimas do leitor é justamente pelo impacto que ele causa, não por forçar a barra.)
Outro ponto importante aqui são os elementos e personagens, e os mesmos são tão bem construídos que chegam a categoria de verossímeis. E isso, minha gente, é crucial para imersão nesse tipo de assunto. Aqui, tanto a personagem principal quanto os secundários, são desenvolvidos de maneira que você consegue entende-los mesmo que algumas vezes eles apareçam por algumas poucas páginas. E todos são fundamentais com relação ao total da trama.
Eu sinceramente consegui absorver todas as mensagens que essa história quis passar e me conectei de alguma forma com todos os envolvidos. Com toda certeza foi uma leitura importante, com um tema que precisa ser discutido e que recomendo para todo mundo, de verdade.

“[...] não há nada de errado em se sentir triste por um dia ou um ano inteiro. Isso não te tornará mais frágil ou inferior a ninguém.”

(Capítulo: Intermináveis dias ruins.)


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