Depois de muito tempo, eis que visito novamente Forks...


Título original: Life and death. Twilight reimagined.
Número de páginas: 391.
Autora: Stephenie Meyer.
Ano de lançamento: 2015.
Editora: Intrínseca.

Sinopse: Em Vida e morte os leitores vão se maravilhar com a experiência de ler a icônica saga de amor agora pelos olhos de um adolescente que se apaixona por uma sedutora vampira. Numa publicação ao estilo “vira-vira”, a edição comemorativa traz mais de 400 páginas de conteúdo extra, além da nova capa, com Crepúsculo de um lado e Vida e morte de outro. Os milhares de fãs de Bella e Edward não vão querer perder a oportunidade de ver seus tão queridos personagens em novos papéis.



Em comemoração aos dez anos (mais ou menos), que li “Crepúsculo”, eis que finalmente resolvi ler "Vida e Morte" e a experiencia não poderia ter sido mais... Reveladora.
Acho que a primeira coisa importante a se dizer é que: O tempo/amadurecimento faz muito bem para a gente. (Claro que isso é relativo e pessoal, como tudo que direi aqui. Não se ofendam, okay?).
Quando a jovem Alana leu Crepúsculo pela primeira vez, ficou completamente encantada com tais possibilidades, fazendo com que o encantamento pelo sobrenatural sobrepujasse todos os problemas ali envolvidos. Logo essa mesma Alana gostou muito de tudo que leu e torceu pelos protagonistas. Agora a Alana de vinte e dois anos voltou a esse mesmo ambiente, mesmo que levemente mudado, e tudo que conseguiu ver foram os erros e problemáticas que cercam, principalmente, nossos protagonistas.
Acho que quando jovens nós queremos acreditar que o amor não possui limites e tudo pode. Que mesmo dentro de qualquer situação, será mais forte e a única solução. Principalmente na faixa dos 11 aos 16 anos, nós não pensamos nos problemas e malefícios do amor, logo qualquer coisa sobre o mesmo, que ainda é uma coisa magica e mitológica aos nossos olhos, acaba nos cegando de alguma maneira, fazendo assim com que histórias como essa passem unicamente como românticas, deixando o lado problemático completamente "escondido".
Com isso não estou dizendo que as pessoas que exclusivamente veem apenas o lado romântico desse casal possui algum sub desenvolvimento/amadurecimento. Tentem não se ofender. Mas, principalmente depois de muito ler e viver coisas, nós aprendemos que o amor tem uma face tão bizarra quanto bela, e que nós, a todo momento, precisamos saber diferenciá-la.
Como disse, da primeira vez que li Crepúsculo tudo que vi foi um casal perdidamente apaixonado cujo sentimento não via fronteiras, mas agora o que vejo é uma pessoa carente e perdida, cujo estado psicológico fez com que caísse em um relacionamento disfuncional.
Bella/Beau, uma pessoa insegura com a própria aparência/habilidades, cresce com uma mãe jovial e até mesmo irresponsável demais, tendo que assim amadurecer mais rápido. Até que sua mãe se casa novamente com um rapaz mais novo e a mesma quer viajar para acompanhá-lo, sendo Bella/Beau um tipo de empecilho. Para não ficar no meio da felicidade de sua mãe, ela(e) resolve morar com o pai, com quem não tem muito contato, abrindo mão de tudo que gosta, como a cidade que cresceu e do sol.
Chegando ao lugar em que ela(e) não queria estar, eis que a(o) mesma(o) assume uma relação apática para com a própria vida. Quando, no meio desse monte de coisas "ruins" o(a) cara (garota) mais popular e misterioso(a) da escola começa a dar atenção a ela(e).
Conforme vão se conhecendo ela(e) descobre que há muito mais sob a bela fachada de seu interesse romântico, mas o mesmo não faz diferença, já que ela(e) está tão desesperada(o) a ter algo para se agarrar, que faz isso com a primeira coisa promissora que encontra, que no caso é um ser sobrenatural que afirma que a(o) ama, mas que mesmo assim possuí desejo de matá-la e a todo momento coloca a vida dela(e) em risco.
Okay, vejamos tudo isso de forma simplificada: Bella estava tão fragilizada que acabou susceptível ao que podemos chamar ao seu “predador”. Tanto que no segundo livro (Lua nova), fica claro o quanto ela é dependente psicologicamente do par romântico, uma vez que tudo que havia de "bom" na vida dela era ele, mesmo que o mesmo também representasse tudo que poderia pôr a existência dela em risco. (Coisa que fica claro, principalmente no primeiro livro, que ela não se importa muito.)
Então assim: Isso quer dizer que Crepúsculo é a romantização de um relacionamento abusivo? Não. Mas dizer que o mesmo apresenta um relacionamento funcional, também é querer tapar o sol com a peneira. Inclusive, usando as palavras da própria autora, Crepúsculo é sobre: "a magia, a obsessão e o frenesi do primeiro amor." (Prefácio do livro "Vida e morte").
Então (novamente), com tudo isso não quero apontar o dedo na cara dos fãs e dizer que eles estão fazendo "errado", mas sim levantar um ponto que vejo que as pessoas simplesmente preferem não ver. Por mais que eu tenha gostado bastante da primeira vez em que conheci Bella, chegando a me identificar com a mesma, agora só consigo pensar o quanto ela na verdade precisava de um psicólogo antes de embarcar em tudo isso.

OBS: O livro possui alguns bugs com relação ao gênero dos personagens, como se o tradutor tivesse pego o livro original, mas não tivesse revisado com calma. Mas são só alguns e quase dá para passar batido.

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