"Se nós queimarmos, você queimará conosco!"
Título original: Mockingjay.
Número de páginas: 424.
Autora: Suzanne Collins.
Ano de lançamento: 2011.
Editora: Rocco.
Sinopse: Katniss conseguiu sair da arena pela segunda vez, mas, mesmo assim, ainda não está a salvo. A Capital está irritada e quer vingança e, por isso, inicia uma represália a toda a população. Numa trama tão violenta quanto psicológica, Suzanne Collins consegue provocar, em A Esperança, um debate sobre a moral e os valores da guerra e as consequências das escolhas feitas por cada um dos personagens.
ALERTA DE SPOILER.
Isso está mais para um relato de
fã do que uma resenha, então fatos importantes aparecerão aqui. Sinta-se
avisado.
“A esperança” é um livro tão devastador quanto a guerra que nos
apresenta. E isso por si só já é um feito impressionante da autora.
Ao contrário de muitos outros
livros, aqui nós não temos os típicos personagens perfeitos, que jamais temem
diante do perigo e que sobrevivem sem qualquer perda a qualquer situação. Na
verdade, nos é entregue pessoas que falham, que surtam, que são afetadas pelo
ambiente a sua volta, que tomam decisões egoístas, mas que mesmo assim tentam
ser o melhor de si. E é assim que encontramos nossa protagonista nesse último
volume: Completamente destroçada.
Além de ter que lidar com todo o
trauma que passar por duas edições dos Jogos Vorazes acarretam, ela também tem
que conviver com o peso na consciência e os conflitos por causa do Peeta ter
sido deixado para trás após seu resgate da última Arena. Ainda mais sabendo que
Snow não polpará esforços para arrancar todas as informações possíveis do mesmo
e que o usará de qualquer forma que possa atingi-la.
Apesar de entendê-la, ainda mais
depois de tudo que passou, não posso negar que me incomodei demais com o
egoísmo dela. Muitas vezes ao invés de se preocupar com o Peeta pelo que está
sendo feito com ele, ela fica preocupada com o que essa situação está causando
nela. Tanto que, após ele ser resgatado, por muito tempo ela age de maneira
completamente negligente, muitas vezes como se o estivesse culpando por aquilo
que aconteceu, mudando de posicionamento apenas quando Haymitch chama sua
atenção.
Não é como se ela se sentisse mal
pelo Peeta ter sido sequestrado, torturado e telesequestrado. É como se ela
estivesse mal pelo Snow ter usado ele para causar dor nela e ainda o tivesse
devolvido “quebrado”. (Tanto que ela se sente “traída”, após ele voltar, com o
fato de que ele já não a olha com toda a antiga devoção.)
Um personagem que acabou se
destacando bastante nesse último volume foi o Gale e foi impossível controlar
minha antipatia com relação a ele.
Sinceramente, não sei como alguém
conseguiu acreditar que ele e a Katniss ficariam juntos. Com toda certeza essa
seria a pior escolha para ambos. E nem falo isso como a eterna defensora do
Peeta, mas sim como alguém que conseguiu juntar todos os detalhes que foram
entregues e que deixavam claro o quanto ele era uma pessoa agressiva e
explosiva. (Basicamente tudo que a Katniss já era sozinha.)
Sejamos sinceros: Desde o
primeiro livro Katniss deixa claro que Gale, quando estava da floresta, se
soltava e revoltava. Então bastou dar algumas armas e a oportunidade, que ele
se revelou um assassino frio e disposto a tudo. (Tanto que ela conta o quanto
ele ficou com Beetee preparando armadilhas nesse desfecho. Muito possivelmente
até mesmo a que acabou matando a Prim.). E além disso, ele também fica o tempo
todo forçando a garota a se posicionar quanto aos sentimentos por ele ou
fazendo algum tipo de “chantagem emocional”. (Podem ver como queiram, mas para
mim não passou disso. Tanto que tem a parte em que ele faz cara de triste e ela
o beija. Então ele diz que já sabia que ela faria isso. E basicamente isso se
repete por todo o livro. Ele se fazendo de dodói para receber atenção dela.)
Outros que receberam mais do que
apenas uma pontinha de atenção, foram o Finnick e a Johanna. Ambos por estarem
em uma situação psicológica tão ruim quanto nossos protagonistas. (Inclusive se
alguém aqui superou a morte do Finnick, pode me mandar uma mensagem e me
explicar como, porque eu nunca consegui. Jesus. Choro apenas de lembrar.
Cadeado, cadeado, cadeado.)
Dois que receberam mais destaque
na minha percepção, nessa nova leitura, foi a mãe da Katniss e o Cinna. Ele por
ter sido um verdadeiro visionário, tanto com relação a vida na Capital e nos
Distritos, quanto em ter visto na Katniss uma pessoa em quem investir. E também
por ele ter sido o verdadeiro criador do símbolo dessa revolução. (Se tivermos
que nomear os verdadeiros pioneiros nisso tudo, podemos colocar no topo ele e o
Peeta. Tanto que foi ideia dele [Cinna] apresentá-los como uma unidade.) Com
toda certeza merecia muito mais destaque do que recebeu e, sem dúvida nenhuma,
possui muito mais importância do que aparenta.
E a mãe da Katniss (que nem nome
tem, coitada), por conta da depressão. Nós aturamos dois livros inteiros a
Katniss julgando a mãe dela por ter passado o que passou após a morte do
marido, mas bastou deixar Peeta um pouquinho longe que ela fez o quê? Isso
mesmo! Se trancar em um armário e ficar rodando orgulhosamente com a
pulseirinha de “Mentalmente desorientada” por todo canto, enquanto toda uma
revolução precisava dela. (Pagar a língua que fala, não é amiguinhos?)
E, nessa última belezinha, nós
temos a cereja do bolo: Coin e o Distrito 13.
Minha gente, não sei vocês, mas
eu tive um micro infarto quanto li pela primeira vez que a Katniss atira a
flecha nela e não no Snow.
Claro que sempre esteve na cara
que ela não seria a melhor opção para comandar Panem, já que seria tão ou mais
tirana que o Snow. Até porque ela nunca quis de fato ajudar os outros
Distritos. Apenas aproveitou que a fagulha havia sido acesa e decidiu explodir
a bomba para ficar com o que sobrasse dos destroços. (Se até mesmo o Boggs, que
era braço direito da mulher, sabia que ela não prestava, quem somos nós para
discordar?). Então com toda certeza essa foi uma das melhores decisões que
Katniss já tomou. Mas que foi inesperada... Há! Isso foi!
E o que dizer daquele final, não
é mesmo?
Foi tiro atrás de tiro. A morte
da Prim. A conversa com o Snow. A morte da Coin. O julgamento da Katniss. Ela e
o Haymitch voltando para o Distrito 12. Gale e a mãe dela sumindo. Peeta
voltando. “Verdadeiro ou falso?”. Verdadeiro e dois filhos.
AI MEU CORAÇÃO!!!
Sinceramente: Com essa releitura,
vi muito mais a questão política e psicológica que essa trilogia aborda e
fiquei impressionado com quanto ela é rica nesses dois quesitos. Mais do que
apenas uma trilogia de ação para adolescentes, Jogos Vorazes traz assuntos incrivelmente contemporâneos e
preocupantes, mesmo que mascarados. E seria impossível negar que esses livros
não marcaram quem sou. Com toda certeza é uma história que vou sempre levar
comigo.
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