LLL: Lindo, Lirico e Lento.

Título original: Mechanique: A Tale of the Circus Tresaulti.
Número de páginas: 320.
Autora: Genevieve Valentine.
Ano de lançamento: 2016.
Editora: DarkSide Books.
Sinopse: Respeitável público, o Circo voltou!

Num mundo pós-apocalíptico, onde as pessoas não tem mais acesso à tecnologias de ponta, uma caravana circense leva esperança por onde passa. Os artistas são sobreviventes de guerra, que tiveram seus corpos mutilados reconstruídos com complexas estruturas mecânicas.



“O circo mecânico Tresalti” foi um releitura interessante por vários motivos.
A primeira vez que li esse livro eu tinha, mais ou menos, quinze anos. Então agora, aos vinte e dois, a visão que tive dele foi muito diferente, mas ao mesmo tempo parecida.
Uma coisa que é importante ressaltar aqui é: esse não é um livro “fácil” de ser lido. E digo isso nem tanto pelos conflitos, mas sim pela escrita, que é um pouco mais lírica, melancólica e lenta. Sem falar que é uma narrativa em que o passado e o presente estão emaranhados. Em um mesmo capítulo o narrador vai dissertar sobre os dois tempos em um mesmo parágrafo. Então é importante, por parte do leitor, um pouco mais de dedicação e atenção a leitura, para que se possa absorver tudo que ela precisa passar.
O livro, basicamente, vai girar em torno da guerra que assolou esse universo e no que ela acaba influenciando na vida desses personagens, no intimo deles e no que eles são no coletivo. Até porque muitos se unem a trupe para escapar disso. Sem falar da questão do quanto se perde com uma guerra. E não só quanto a pessoas ou vidas, mas também quanto a culturas e a arte em si.
Temos também uma forte critica a governantes (e ao governo), que investem e redirecionam coisas para o sentido bélico. E toda essa ganancia por poder, apenas pelo ato de mandar em si. (Sem fins monetários. Apenas pelo “patamar” elevado.)

"A única razão de governar era de não estar sujeito á mesma morte que as pessoas comuns"
(Página 153)

Outra coisa interessante é a relação familiar entre os integrantes da trupe e como esse grupo funciona entre si. Em nenhum momento é tentado passar uma ideia de uniformidade e perfeição. Na verdade existem vários conflitos, pequenas desavenças, coisas que não são faladas, mas, que de forma alguma, fazem com que aquele grupo deixe de ser, de alguma forma, uma “família”.
Então, no geral, mesmo sendo um livro com um ritmo diferente, até mesmo um pouco difícil, com toda certeza é uma leitura marcante e que super indico. Principalmente para quem curte livros distópicos com uma pegada mais filosófica e que não tenha dificuldade de entrar na vibe do livro.

"Um circo sempre encontra um lar; todos querem um espetáculo."
(Página 165)

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