Como julgar?



Se tem uma coisa que me tira do eixo, que apavora até a última célula de meu ser errado, é dar de cara com a parede. É ficar presa. Sem saída.
Muitas pessoas gostam de dizer que podemos construir portas, onde encontrarmos muros. Mas aposto que quem fala isso possui uma boa equipe de amparo e construção logo no encalço. Gente como eu? Gente como eu quando se depara com um muro acaba batendo de frente. Com muita força. E se quebra inteiro.
Gente como eu tem que aprender desde cedo de que se você não souber escalar e pular o muro com o próprio esforço, é melhor deitar no chão, chorar e aprender. Ninguém vai fazer “pezinho”. Ninguém vai fazer nada!
Gente como eu tem que aprender que a vida não é fácil e que ela dói. E que é sozinho que se lambe as feridas e que se cicatriza. Que ninguém tem que saber onde esta machucado, porque nunca se sabe quem está com o sal preparado...
E gente como eu se apavora quando vê o muro. Quando se aproxima da queda. E sabe por quê? Porquê gente como eu não sabe até quando vai conseguir se levantar.
Tem gente que não faz ideia do quão fácil é desistir de tudo quando se é alguém assim. Não faz ideia de como é chegar a um ponto da sua vida em que não faz diferença, porque é menos um muro para escalar... E, Deus, se for outro muro depois desse?! E se ainda houver vidro ou uma cerca elétrica? E se alguém puxar minha perna enquanto eu estiver escalando?
Entende? Não há certezas ao pular o muro. Não há ninguém. Então como julgar quando essa pessoa decide simplesmente não pular?

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