Uma escrita que beira a poesia.



Titulo original: Araruama: O livro das sementes.
Número de páginas: 228.
Autor: Ian Fraser.
Ano de lançamento: 2017.
Editora: Moinhos. (Mas primeiramente independente, financiado através do Catarse)
Sinopse: Em O Livro das Sementes, o primeiro volume da série, o leitor é transportado para uma realidade dura e encantada, onde as palavras são magia, a fl oresta é o mundo e forças determinam o equilíbrio da Ibi, a terra. A harmonia se baseia nas regras dos deuses, onde morte e vida, caça e caçador convivem até que a luz se apague.
Mas este ciclo tão familiar pode estar com os dias contados, pois sobre a Ibi se espalha um sentimento novo e incômodo: uma “fome sem apetite”, uma paixão pelas pedras derretidas. É o anúncio de que tempos sombrios estão por vir, sob formas nunca vistas antes – e os destinos das crianças de Araruama estão tão entrelaçados como raízes retorcidas.


“Araruama: O livro das sementes”, foi uma leitura incrível.
Aqui acompanhamos a trajetória de cinco jovens que estão sendo preparados para um rito de passagem, mas que, ao mesmo tempo, enfrentam problemas com a instabilidade entre as tribos e o eminente conflito que se aproxima por conta disso.

"O pior inimigo do homem sempre foi o próprio homem."
(Capitulo Encontros)

É inegável a habilidade que o autor tem com as palavras. Mesmo o livro tendo, de forma geral, um vocabulário próprio, dificilmente o leitor não entenderá o que está se passando. E isso mesmo sem ler previamente o Glossário, já que o autor consegue descrever e orientar sobre os significados das coisas de maneira muito efetiva, mas, ao mesmo tempo, sutil. Não dizendo exatamente o que determinados termos significam, (dando um sinônimo), mas sim pintando quadros que o leitor deduzirá e achará por si só o significado.
E ainda falando sobre a escrita, é impossível não aplaudir a forma sutil e poética na qual o livro todo é narrado. Fiquei de boca aberta enquanto lia por conta de toda a sensibilidade e beleza com a qual o autor nos presenteia a cada palavra, mesmo tendo em mãos o desafio de nos ensinar e mostrar tudo desse novo cenário e cultura.

O único tempo permitido ao homem controlar é o mais efêmero deles: o agora.
(Capitulo Partidas)

E já pulando para a construção de história e ambientação, é impressionante o quanto o autor conseguiu nos entregar nesses quesitos em tão poucas paginas. E não foi daquela forma didática, com longos monólogos explicativos, mas sim de forma sutil e completamente mesclada a trama, o que facilita muito para que o leitor não apenas “aprenda”, mas sim se “aproprie” do que está sendo passado. Tanto que, depois de um determinado ponto da leitura, tudo se torna extremamente “conhecido” e fluido.
A única ressalva que tive, mas que não é nenhum tipo de demérito, uma vez que achei o livro incrível, é que senti que poderia ter tido mais. Mais história, mais páginas, mais conflitos. Mas sei que, como um livro inicial de série, esse entregou exatamente o que precisava, terminou no ponto certo e deixou aquele gostinho de quero mais.

"As palavras, disse Concha, são as sementes das histórias, e as histórias são frutos do homem."
(Capitulo Partidas)




***Estou colocando os nomes dos capítulos porquê li pelo Kindle, então não tenho como saber o número da página. Agradeço a compreensão.

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